ESTOU PERDIDO, DEVO PARAR? NÃO SE PÁRAS ESTÁS PERDIDO! Goethe

- ESTOU PERDIDO, DEVO PARAR? - NÃO, SE PÁRAS, ESTÁS PERDIDO! Goethe



domingo, 17 de abril de 2011

Um Compromisso Nacional

Aqui encontrará um manifesto, de um alargado e abrangente conjunto de personalidades, que exigem dos responsáveis políticos, responsabilidade!

Como todos os manifestos abrangentes (ver por exemplo o da geração à rasca), os princípios são suficientemente vagos para caber lá toda a gente.
Mas o ponto chave e sobre o qual começa a parecer desenvolver-se um consenso, é que é crucial unir esforços para ultrapassar o actual estado de calamidade nacional!

Se os atuais dirigentes partidários, que mais parecem lideres estudantis a disputar a associação académica, estão a altura do desafio, é assunto que convém clarificar urgentemente -se não, ponham-se lá outros que sejam capazes!
Nós é que não podemos esperar mais, embalados pelo fado e pelos sucessos futebolísticos lusos!

Aos partidos - 3ª pergunta: Haverá despedimentos na Função Pública?



A resposta a esta pergunta só teria interesse na presença de um polígrafo ... e mesmo assim!

Estou convicto que uma medida essencial para a normalização da vida do país é o despedimento de funcionários do Estado, Autarquias, Empresas Públicas, onde se detectar tal necessidade.
A frase sagrada - reestruturar, mas sem despedimentos - tem de ser banida do código de conversação política!

Porque houve autarcas dos mais diferentes partidos que empregaram todos os militantes do concelho em pseudo museus, pseudo empresas municipais, pseudo assessorias, não podemos estar condenados a pagar-lhes um ordenado nos próximos 30 anos!
Se gestores públicos transformaram a Administração em agências de emprego e de pagamento de favores, não posso considerar isso um direito adquirido!
Se Institutos, Fundações se criaram para alimentar o ego e patrocinar a corte de déspotas medíocres, não estou disposto a comprometer-me vitaliciamente por tais dislates!

Se não houver coragem de despedir gente na Função Pública, não haverá qualquer reforma do Estado eficaz. Ponto!

Claro que o que me assusta nisto tudo é saber que são os mesmos que estão na origem dos nossos actuais problemas, quem se perfila para aparecer como grandes reformadores - e aí dispensarão os imprescindíveis e protegerão os afilhados.
Não haverá pois também nenhuma esperança para o País, se não for possível renovar os actores da vida política e o seu padrão de ética e responsabilidade.

Como não temos gente corajosa na governação, nem eleitorado capaz de enfrentar a realidade, temo que o caminho seguido seja mais uma vez o pior: privatizar a Administração Pública, mesmo aquela que é consensualmente indispensável - Saúde, Educação, sei lá que mais - e deixar a tarefa ingrata de redução dos recursos humanos aos bárbaros empresários!

Tenho consciência que a assunção pública de uma opinião como esta levará ao banimento do seu autor, por anos, de qualquer lugar por eleição.
Sei também que de uma política desta natureza resultarão muitos problemas humanos e sociais!
Mais do que isso sei, que eu próprio, posso vir a ser vítima de uma tal reorganização!
Mas o que tem de ser feito, deve ser feito e um cirurgião que hesita amputar um membro gangrenado, não será vangloriado pelo seu humanismo.

Tempos muito difíceis estão aí - assobiar para o lado não resolverá a situação!

Não seria melhor estar calado?



O presidente da Apifarma, representante da Indústria farmacêutica, resolveu emitir opinião sobre como se deveriam comparticipar os medicamentos em Portugal!
Habituados que estamos a tudo, já nem se estranha, mas convem lembrar que a ele compete vender os medicamentos e só!

A definição das políticas sociais e da saúde compete ao governo, em representação do povo, que não pode ficar refém dos interesses do lobby dos fornecedores!

É assim que se esvazia a democracia e vamos entrando neste novo regime de Governo das Corporações (mandam os banqueiros, os industriais, os credores!).

Houve mesmo lugar para todos!



Segundo as contas de Francisco Louçã a poupança resultante dos cortes salariais em 2 anos em toda a Função Pública, equivalirá ao prejuízo resultante da nacionalização do BPN - dois mil milhões de Euros.

Durmo agora mais descansado, sabendo que não foi por causa dos velhinhos com reformas miseráveis, que me vieram ao bolso.

Posso mesmo passar a odiar, o grupo de ladrões que controla o sistema político e económico em Portugal - os mesmos que também querem roubar os velhinhos com reformas miseráveis!

Começo a não ter dúvidas que isto vai acabar á paulada!

SHOT ON YOU, MR. CADILHE!




Miguel Cadilhe, Poveiro com muitas certezas, resolve hoje apresentar no Público o seu plano de salvação para o País, já que para o BPN não teve quem o ouvisse.

E a que se resume o seu cogitado plano: determinava-se o património de cada português a 31 de Dezembro de 2011 (contas bancárias, imobilário, acções,etc) e aplicava-se um imposto "one shot" de 3 a 4%, que seria aplicado integralmente na redução da dívida pública, de forma a reduzirmos de uma penada o seu montante para menos de 60% do PIB, como está previsto pelas regras comunitárias.

Isto é, quem esbanjou e arruinou o país sai ileso, quem poupou, paga a crise!
Nunca a fábula da cigarra e da formiga foi tão preversamente contraditada!
Claro que me refiro sobretudo à classe média, pois as grandes fortunas não têm o património assim à mão de colher, em território nacional!
E ia jurar, Mr. Cadilhe, que nessa data tinha os seus bens agasalhados nalgum off-shore ou numa SGPS.

Agora que a ideia tem pernas para andar, tem!
O Bloco de Esquerda não deixará de apoiar este imposto sobre as fortunas, a Nobre direita reconhecerá que vindo dum Papa não é para ignorar e embora não se vá aplicar a 31/12/2010, ficará para uma próxima oportunidade.
E depois essa tentadora solução de se resolver tudo de uma vez e poder-se começar a gastar de novo, nova corrida, nova viagem...

Começa a estar na hora de mudar de praia!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Cidade e As Serras



Publicado em 1901, um ano após a morte de Eça de Queiroz, que não terminou sequer a revisão do manuscrito, A Cidade e as Serras é um livro divertido, muito ideológico e que mantém uma enorme actualidade (isto é, é intemporal, como toda a grande literatura!).

De todos os livros do Eça que em tempos li, era aquele do qual guardava uma imagem mais nítida e a impressão de mais ter influenciado a minha visão do Mundo.

A perspectiva mordaz sobre a civilização que constitui a primeira metade do livro, é muito próxima da que reaparece em Playtime (1967) de Jacques Tati - uma sociedade obcecada pela novidade, pelos gadgets tecnológicos e pelo formal em geral, mas desencantada e vazia de valores e objectivos concretos.
Eça de Queiroz contrapõe na segunda parte um romantismo bucólico, de exaltação da vida simples e natural do campo (neste caso, o Douro), ambiente em que Jacinto desabrocha para a realidade da vida (planta as árvores e tem os filhos!), conduzido pela amizade do seu companheiro serrano, Zé Fernandes.

Paris, retratado como o farol de uma civilização que só valoriza o lucro e o prazer, aparece como a quimera enganadora, enquanto a as rústicas terras de Tormes são descritas como uma bênção divina.
É um Eça de Queiroz culto, cosmopolita, que já tudo viu, leu e criticou, aparentemente reconciliado consigo mesmo e com o seu país, este que transplanta um sofisticado e enfastiado Jacinto, de Paris para os xistos durienses e o deixa feliz na sua pele de iluminado aristocrata, a exercer um humanismo caritativo.

Livro sobre o tédio do excesso - de bens, de informação, de tecnologia - é muito oportuno para uma geração (que inadequadamente chamam de rasca) que cresceu sem ter de enfrentar dificuldades materiais, de lutar pela sua liberdade, com acesso a conhecimento e informação nunca antes existentes e que parece tal como Jacinto enfastiada, sem motivação e que se vê no limiar de uma situação nova para a qual não estava preparada.

A única diferença é que não disporá dos "cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival" de Jacinto, que lhe permitiram a sua diletância de socialista idealista.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Aos partidos - 2ª pergunta: que modelo para a saúde?



Era importante saber o que pensam realmente fazer (se é que pensam!) os partidos, relativamente à organização do Sistema de Saúde!
Não me estou a referir a banalidades e generalidades do tipo "tendencialmente qualquer coisa", ou "permitir a concorrência entre os diferentes sectores".
A 2 meses da governação têm obrigação de terem ideias concretas sobre o que pretendem fazer e o dever moral de o divulgar previamente.

Pensam privatizar os hospitais? e os cuidados primários?

Como tencionam financiar o sector - manter o actualmente dominante sistema de "contra produção" (isto é quanto mais consultas, cirurgias se fizerem, mais recebem os prestadores) ou avançarem para a generalização do pagamento por capitação (isto é, a entidade responsável pela saúde de uma população recebe um tanto por habitante independentemente da estratégia que siga para assegurar o compromisso!)?

 Que política para o medicamento e para a sua distribuição? Avançar com o sistema público de distribuição ensaiado em alguns hospitais ou manter a indefinição? Comparticipar por princípio activo ou por percentagem?

Manter as Parcerias Público Privadas? Permitir o acesso dos cidadãos aos diferentes sistemas, ficando o Estado como pagador? Com que recursos? Com que controlo?

Já agora, sei que seria pedir muito, mas não ficava mal: quem será o ministro da Saúde, se ganhar?

A minha opinião:
Mexer num sistema com a dimensão e a complexidade do SNS é tarefa difícil e perigosa!

Primeiro dever-se-ia começar por arrumar e rentabilizar os recursos públicos existentes:
- Prosseguir a actual política de fusões, de que foi um bom exemplo a recente concentração das estruturas médicas de Coimbra, num único Centro Hospitalar!
- Definir uma estratégia de recursos humanos em exclusividade de funções para as unidades de saúde públicas, sem pressas, nem fundamentalismos!
- Desenhar uma rede de prestação de cuidados diferenciados, sem sobreposição de prestadores, de forma a rentabilizarem-se recursos e ganharem-se níveis de competência superiores!
- Criar centros nacionais de excelência para algumas patologias. públicos ou privados, que possam vir a disputar mercado no contexto europeu!
- Comparticipar os medicamentos por princípio activo, indepedentemente da marca prescrita, mantendo-se contudo esta liberdade!
- Prosseguir o programa de farmácias públicas!
- Na ausência de recursos públicos, ponderar a concorrência aberta com o sector privado, mas nunca, como tem sido política das PPP, retirando o ónus do risco ao investidor, ficando o Estado como garante do lucro!
- Aplicar universalmente os critérios de qualidade, sem distinção pela natureza pública ou privada da entidade, por entidade reguladora verdadeiramente independente,com poder!
- Generalizar o sistema de finaciamento por capitação, fazendo convergir os valores gastos por cidadão com a saúde ( que são actualmente muito mais elevados para um português do Sul, que para um do Norte!?).

No momento de assumir responsabilidades era bom saber o que pensam sobre estes assuntos, quem se candidata à função!
Será que vamos ter essa sorte, ou ficaremos por vacuidades?

A tal falta de bom senso!



A Câmara da minha cidade resolveu fazer uma campanha promocional, que tem um lema mensal: já foi o mês do vento, do calor e de não sei mais o quê.
Desconheço os custos da campanha e a sua utilidade: excepto se fôr para aumentar o amor próprio dos municípes, não lhe vejo o interesse.
A divulgação faz-se por enormes painéis colocados em diversos sítios da cidade, além de prospetos, mails, etc!

Até agora não me aqueceu nem arrefeceu (excepto talvez os bolsos, pelos custos, que presumo grandes, que terá!)!

Só que este mês, incomodou-me: uma cidade que até ostenta o atributo de cidade saudável, faz campanhas despudoradas em outdoors gigantes, ao consumo de acúcar na época pascal?
Não restará ninguém pensante nos centros de decisão deste país - anda a Direcção Geral de Saúde a investir na promoção de uma alimentação saudável e uma autarquia promove (com slogan e imagem a ajudar) a diabetes?

Agora o meu apelo: Esta Páscoa não ofereça guloseimas - além de contribuir para o arrefecimento económico da balança externa (o acúcar é maioritariamente importado!), também ajuda o metabolismo dos seus familiares e amigos!