ESTOU PERDIDO, DEVO PARAR? NÃO SE PÁRAS ESTÁS PERDIDO! Goethe
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terça-feira, 14 de dezembro de 2010
BISMUTO, CHENOPÓDIO! HABITUEM-SE ...
São hoje em dia frequentes os artigos científicos a alertar para o uso excessivo de antibióticos, problema particularmente grave em Portugal, de que resulta uma crescente resistência bacteriana aos tratamentos e um aumento incomportável dos custos com a saúde. Múltiplos trabalhos recentes parecem sugerir que certas patologias como as otites, sinusites, faringites, poderão ter evolução clínica idêntica, nas situações em que não se recorre ao antibiótico, como agente terapêutico inicial.
Depois de uma semana em cuidados domiciliários a filhos com amigdalites, prestei atenção aos comentários da minha mãe: que eu em pequeno também era muito achacado às faringites e amigdalites e que a coisa se resolvia com supositórios de bismuto e pinceladelas da garganta com azul de metileno. Só mais tarde, pré adolescente, é que se começou a recorrer a umas injeções de penicilina, de quando em vez.
Fui então pesquisar o assunto!
O bismuto é um metal pesado, com o nº atómico 83 na Tabela Periódica, tendo a particularidade de ser praticamente não tóxico. Continua a ser usado em Medicina sob a forma de salicilato, no tratamento das diarreias, desconforto gástrico, pirose e úlcera péptica, isolado ou em associação medicamentosa.
Sob a forma de sal ou gluconato continua a ser utilizado na medicina alopática ou natural, nas afeções do foro otorrinológico (otites, sinusites, faringites ).
O azul de metileno, que dado o seu elevado potencial redutor ainda é usado para reverter as situações de metemoglobinemia, tem um efeito inibidor da vasodilatação nas situações de inflamação, pelo que se compreende a sua ação regeneradora sobre umas amígdalas hiperemiadas e dilatadas.
A penicilina, descoberta acidentalmente em 1928 por Fleming, só passou a ter utilização clínica nos anos 40, tendo produção industrial a partir de 1943. No início distribuída internacionalmente pela Cruz Vermelha, só em 1945 foi decidido que a sua comercialização em Portugal se faria nas farmácias. Nestes tempos pioneiros, conta-me a minha mãe, que quando se tinha um doente a ser tratado com o antibiótico, tinha que se deslocar diariamente ao Porto à CVP para obter o fármaco, que era transportado em embalagem com gelo e obrigava a pernoitar em casa do doente, pois a administração era prescrita de 3 em 3 horas!
Só na IV Farmacopeia Portuguesa de 1961 é que aparece referida a Penicilina, embora houvesse utilização anterior! Mas nos anos 50 e 60, ainda não se usava corriqueiramente este medicamento - amigdalites tratavam-se com supositórios de Bismucilina e zaragatoas de azul de metileno ou de Anginol (um composto iodado).
Neto de farmacêutico e com infantário feito na Botica, quis saber que mais tomava eu em pequeno: - óleo de ricino com essência de chenopódio e hortelã de pimenta, era o que toda a criançada tomava regularmente para "as bichas".
Nova pesquisa e lá encontro nas medicinas naturais o extrato de chenopódio, planta abundante na Natureza, com importante efeito anti-helmíntico!
A Botica que eu frequentei em pequeno, era mais das medicinas naturais, que uma distribuidora da Industria Química.
Para além dos curativos, suturas, drenagem de abcessos (pelos vistos os mamários eram muito frequentes no puerpério e eram drenados após três dias de compressas com óleo de linhaça), também se curavam fraturas, com talas artesanais e sem Rx.
Os casos mais difíceis tinham a colaboração dos clínicos da região, que utilizavam as instalações da Farmácia para executarem as ações mais arriscadas.
O tempo trouxe progressos, mas também desprezo por muitos procedimentos ancestrais, que o deslumbramento pelo progresso da química e da indústria acelerou.
Algumas destas práticas persistem e têm sucesso alojadas na Medicina Alopática, mas o que se me afigura mais importante seria recuperarmos a capacidade de refletir e atuar com sabedoria, que um tempo mais lento e com menos pressão comercial, permitia.
Muitas patologias - a obesidade, a hipercolesterolemia, a hipertensão, a diabetes, a depressão, ... - que ensombram a vida contemporânea e são um escoador sem fim dos recursos materiais da nossa sociedade, poderão ter abordagens diferentes daquelas que se impuseram como norma!
Mudar de vida é mais difícil que tomar uma pílula milagrosa, mas seguramente mais saudável, eficaz e de efeito mais duradouro.
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Para as amigdalites até aos meus 15 anos, lembro-me de umas caixas de cortiça com 2 supositórios de bismuto metálico, que eram remédio "radical".
ResponderEliminarO meu avô pincelava-as com tintura de iodo, mas era um "herói" porque aquilo ardia imenso nas feridas quanto mais na faringe. Também usava ventosas, mas o seu tratamento preferencial era o "chá de bico", que dava para tudo. A coisa era de tal ordem, que eu ao pé dele, não me queixava de uma dor nas unhas.