ESTOU PERDIDO, DEVO PARAR? NÃO SE PÁRAS ESTÁS PERDIDO! Goethe

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terça-feira, 3 de maio de 2011

Uma vitória contra o terrorismo?



Penso que o mundo não terá ficado pior com a morte de Bin Laden!
Não partilho contudo da ideia que tenha ficado melhor!

O primarismo dos americanos permanece inalterado com o decorrer dos tempos - tal como perseguiram Che pela floresta Andina até o conseguirem assassinar, fizeram como objectivo central da sua política antiterrorista a eliminação de um (ex-)lider, jogando com o aspecto simbólico da sua execução.
O terrorismo islâmico permanecerá inalterado, eventualmente mais acicatado nos próximos tempos, pela afronta sentida no mundo árabe fundamentalista.
Os americanos conseguirão com esta manobra justificar a saída do Afganistão, com a ridícula explicação de que o objectivo da vitória sobre o terrorismo islâmico terá sido alcançado!?
Uma saída de sendeiro, a repetir o brilharete do Iraque, deixando atrás de si um rasto de destruição, desorganização social e ódio anti ocidental!

Ver os americanos nas ruas a comemorar o assassínio causou-me impressão. O impulso que os move não me pareceu muito diferente do das multidões fanáticas que saem à rua no mundo islâmico, para comemorar qualquer desgraça que vitime os ocidentais.
Ver os analistas, talvez com razão, dizer que com este trunfo, Obama ganhou novas hipóteses de reeleição, entristeceu-me, mais por ele - emparedado na lógica do populismo e da real politik, que por qualquer outra razão!
Ver o acontecimento comemorado, desde a ONU às redacções dos media, como um triunfo contra o terrorismo, é que não aceito.

Tratou-se, à luz do direito internacional vigente, de um acto de terrorismo de estado, da mesma natureza dos praticados pelos fundamentalistas islâmicos.
Se a justiça do Mundo fosse imparcial, Obama seria julgado num Tribunal Internacional por ter assumido o comando da operação - tratou-se de um raide de comandos americanos, num país estrangeiro, que não foi consultado para autorizar a invasão, procedendo-se a um assassínio de um cidadão residente, sem qualquer sentença judicial de um tribunal independente. O universo dos filmes dos agentes secretos americanos sem identidade, a pairar fora de qualquer control institucional, confirma-se que não é ficcional (veja-se Jason Bourne, interpretado por Matt Damon em Identidade Desconhecida de 2002).
Quem hesitará a exigir o julgamento (ou o assassínio "tout court"!) do presidente do Irão, se este patrocionar um raid em território americano para assassinar Obama ou o chefe da CIA?

O que me choca não é isto acontecer, que já sabia - da vida e dos filmes - que o Mundo é assim, o que me choca, é não ver ninguém, com importância institucional, indignar-se com isto!

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