ESTOU PERDIDO, DEVO PARAR? NÃO SE PÁRAS ESTÁS PERDIDO! Goethe

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Estamo-nos a ver gregos!

Apesar do alto risco da atitude - propôr um referendo sobre o destino da nação grega (que coisa estranha não é?! Isso é quase democracia direta! Cruzes, canhoto!) - ela vem lembrar que afinal há sempre saídas inesperadas, mesmo para as mais difíceis situações.
A chantagem de que só há uma via única, que os nossos governantes tentam passar, é que é intolerável.

As mais radicais e acutilantes críticas às escolhas que estão a ser feitas pelos nossos governantes, têm curiosamente vindo da Igreja.
Há dias numa iluminada reflexão, Frei Bento Domingues lembrava que apresentar as opções do governo como a única alternativa, além de uma pobreza intelectual deplorável, eram uma perigosa negação do próprio conceito de democracia - que por definição é a escolha entre diferentes alternativas.
No caso português com a agravante da escolha, em eleições, deste governo, ter assentado numa proposta de política diametralmente oposta à agora seguida e apresentada como via única (Sócrates caiu, infelizmente não por ser um mitómano e governar o país em negação da realidade, mas por causa dos PECs e das medidas restritivas anunciadas, às quais os atuais governantes contrapuseram promessas de alívio - não aumentavam impostos, não retiravam deduções fiscais, não reduziam professores, lembram-se ainda?!).

Os gregos (ou Papandreou!) têm pelo menos o mérito de vir recordar algumas questões básicas:
1) O regime político em vigor nos países europeus é a democracia!
2) Democracia implica também a assunção das responsabilidades pelo povo - e isso notou-se nas reações da rua na Grécia, com as pessoas a temerem o referendo, pois a situação não tem solução fácil e ninguém quer arcar com os riscos de uma escolha - apesar de desastroso, é preferível ter o bode espiatório dos políticos para se descarregarem as culpas (e quanto a ser tarde para chamar o povo a decidir, como ouvi nas entrevistas em Atenas, lembro que "mais vale tarde, que nunca"!).
3) Existem sempre alternativas na abordagem de um problema - podemos é estar convencidos que a nossa é a melhor, apenas!
4) Um rato pode paralisar, ainda que momentaneamente, um elefante! (Deverá é estar preparado para fugir, quando o paquiderme o tentar esmagar!) .

Ao dar xeque ao rei  (e à  rainha!) europeu, com poucas pedras em cima do tabuleiro, os gregos provaram que só se está derrotado no fim da partida e que talvez valha mais a pena morrer com dignidade, do que continuar um morto-vivo sem futuro nem vontade própria!

1 comentário:

  1. Independentemente de toda a discussão sobre os problemas e possíveis soluções para a crise europeia (da UEM mais propriamente), tem é de haver a consciência de que se chegou a um nível de integração e união (boa ou má, é o que tem que se discutir) na Europa que as decisões (boas ou más) internas dos estados membros têm uma influência directa e possivelmente catastrófica em todos os outros.

    Se a Grécia decidir-se, democratica e soberanamente, pelo suicídio financeiro, arrastará a UE para a mais grave crise financeira e política desde a criação do CEE em 57.
    Aliás, Portugal será logo a primeira vítima disso.

    Como e onde se encaixa a democracia tradicional interna de cada estado nesta Europa integrada é uma questão que devia há muito ter sido melhor discutida e esclarecida nas sucessivas revisões dos tratados. Não o tendo sido feito, e ignorados (se não ridicularizados) muitos dos avisos de alguns pensadores ao longo dos últimos anos, encontramo-nos agora face a um precipício do qual não parece haver escapatória.

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