ESTOU PERDIDO, DEVO PARAR? NÃO SE PÁRAS ESTÁS PERDIDO! Goethe

- ESTOU PERDIDO, DEVO PARAR? - NÃO, SE PÁRAS, ESTÁS PERDIDO! Goethe



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Europa



La Notte, Michelangelo Antonioni, 1961

A Oeste nada de novo ...


Veja-se como em cada legislatura se propõe e se discute uma das poucas questões graves de que o parlamento ainda se ocupa. Referimo-nos à coisa a que, no calão oficial em que tem degenerado a língua pátria, se chama — a questão da fazenda.
Reunidas as câmaras e aberto perante elas o orçamento do Estado, começa-se invariavelmente por constatar, num trémulo elegíaco de sinfonia fúnebre, que continua a existir o déficit. Cada um dos três governos a quem a coroa alternadamente adjudica a mamadeira do sistema encarrega-se de explicar aos taquígrafos essa ocorrência — aliás desagradável, cumpre dizê-lo — mas de que ele, governo em exercício, não tem a culpa. A responsabilidade cabe ao governo transacto, bem conhecido pelos seus esbanjamentos e pela sua incúria.
Para cada um desses três governos sucessivamente encarregados de trazerem o déficit ao regaço da representação nacional, o governo que imediatamente o precedeu nesse mesmo encargo é o último dos imbecis.
Tal é o conceito formidável em que cada um dos referidos três governos tem os outros dois!
A coroa pela sua parte — e é este o mais augusto do todos os seus privilégios — é sucessivamente da opinião de todos os três ministérios; e depois de haver retirado, com sincero nojo, a sua confiança aos imbecis do grupo n.º 1, n.º 2 e n.º 3, a coroa torna a restituir a citada confiança, com uma efusão de júbilo tão sincero como o nojo anterior, a cada um dos grupos de imbecis já referidos mas colocados cronologicamente em sentido inverso daquele em que estavam, ou sejam, por sua ordem, os imbecis n.º 3, n.º 2 e n.º 1.
Trocadas as descomposturas preliminares sobre a questão da fazenda, decide-se que é indispensável, ainda mais uma vez, recorrer ao crédito, e faz-se um novo empréstimo. No ano seguinte averigua-se por cálculos cheios de engenho aritmético que para pagar os encargos do empréstimo do ano anterior não há outro remédio senão recorrer ainda mais uma vez ao país, e cria-se um novo imposto.
Fazem-se empréstimos para suprir o imposto, criam-se impostos para pagar os juros dos empréstimos, tornam-se a fazer empréstimos para atalhar os desvios do imposto para o pagamento dos juros, e neste interessante círculo vicioso, mas ingénuo, o déficit — por uma estranha birra, admissível num ser teimoso, mas inexplicável num mero saldo negativo, em uma não existência, — aumenta sempre através das contribuições intermitentes com que se destinam a extingui-lo já o empréstimo contraído, já o imposto cobrado.
Assim como os alforges dos antigos pobres das feiras e das extintas ordens mendicantes, o déficit tem dois sacos, um para diante outro para trás, ambos destinados a receber o vácuo. Num dos sacos mete-se a dívida flutuante, no outro mete-se a dívida consolidada. De quando em quando há um relâmpago de júbilo, porque parece por um momento que o alforge do déficit está vazio, isto é, que está sem vácuo dentro: é a dívida, que se achava em estado de flutuação no saco da frente, que passou no estado de consolidação para o saco de trás.
A alegria fugaz mas intensa que provém da ilusão desta gigajoga vale o dinheiro que custa, mas custa sempre alguma coisa, porque de todas as vezes que eles mexem na dívida, seja para o que for, mesmo para a mudar de saco, ela cresce.
Pela parte que lhe respeita o país espera. O quê? O momento em que pela boa razão de não haver mais coisa que se colecte, porque estará colectado tudo, deixe de haver quem empreste por não haver mais quem pague.
No entanto o problema de aumentar a riqueza — único meio de prover aos encargos — é considerado como absolutamente estranho à questão da fazenda. E todavia nem toda a gente ignora que a riqueza não aumenta senão pelo desenvolvimento progressivo do trabalho e que este se acha ligado aos progressos da indústria. (...)

Ramalho Ortigão
«As Farpas» (Vol. 6) - Junho de 1882

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Que fazer?




Desde Julho de 2004 que Portugal é governado por políticos de alfobre, criados nas jotas (por sinal os três na JSD), que nunca tiveram uma carreira académica (aqui incluído até o curso universitário) ou profissional, autónoma e de sucesso.
O resultado está à vista - muita pose e muito desnorte!
É grave que o país esteja há 8 anos a ser dirigido pelos menos qualificados de uma geração!
A situação desesperada em que nos encontramos não devia pois surpreender!

O atual governo revela incapacidades que julgo inultrapassáveis.
Porém a alternativa disponível, numa lógica democrática, será mais do mesmo.
Seguro, que se apresenta numa pose ponderada e responsável, dizendo aquilo que a maioria do povo gostaria de ouvir neste momento, pese embora a simpatia que transmite, parece fruto da mesma cepa.
Há um ano também Passos Coelho apareceu como uma saída esperançosa para o pesadelo que era o socratismo agónico -  e o desespero leva sempre o povo a entregar o poder nos braços dum prometedor bem falante!

Que saída nos resta então?

Não fora o azar perseguir este povo (soa bem!?), poderia haver a solução presidencial.
Uma espécie de suspensão da democracia preconizada pela MFL, com um senador respeitado e experiente a conduzir os destinos do país, por um período que permitisse à sociedade renovar os partidos, refletir sobre o sistema, enquanto atravessássemos a tormenta da crise, liderados por alguém sem vaidades, nem favores para satisfazer.
Parece idílico? Talvez, mas a Itália está a fazer este percurso, com aparente sucesso.
Mas nós com a múmia a ocupar a cadeira presidencial, temos poucas hipóteses de tal vir a acontecer!

Vamos continuar a abrir os melões e rejeitá-los após a primeira talhada! Ainda não percebemos que vieram do mesmo campo? Haverá no meio deles, o tal apimentado que nos satisfará!?

Sonhar com alguém experiente, justo, empenhado a governar-nos não é pecado, pois não?
E depois, o futuro primeiro sonha-se antes de ser possível vê-lo realizado!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Um ato falhado - a virtualidade dum PM!



Hoje, na penosa entrevista de mais de uma hora do nosso PM, foi evidente a enorme impreparação e incapacidade para a função desta espécie de eterna "jovem promessa" bem falante.
Num determinado momento, que espero tenha sido bem percebido pelos portugueses mais cultos, houve um precioso ato falhado, que resultou, penso, da ignorância do entrevistado e não dum lapso, mas que ainda assim é bem esclarecedora.
Perguntado sobre se não ouviu os parceiros políticos e sociais antes de decidir as medidas, responde - "Acredito na virtualidade da democracia!".
Talvez quisesse dizer virtude, provavelmente pensa que o disse, mas não - expôs ao povo que acredita na democracia, enquanto realidade virtual, mas não como um sistema político que implica regras de comportamento político, mesmo quando se está em maioria.
Aliás é assim que tem feito, esta ex-promessa política que passou com as medidas recentemente anunciadas, ao estatuto de PM virtual dum país bem real, que deixou de acreditar nele!


8 - tapetes de autor



CARGALEIRO, tapeçaria Margal (Arraiolos)

Manuel Cargaleiro passou a infância numa olaria no Monte da Caparica, para onde os pais se mudaram quando tinha apenas dois anos de idade. Ali, começou a fazer experiências com vidros e tinta e adquiriu o gosto pela cerâmica.
Antes de ingressar na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa no ano de 1949, Manuel Cargaleiro tinha sido estudante de Ciências Geográficas e Naturais na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, durante três anos.
A sua obra, fortemente inspirada no azulejo tradicional português, seria também influenciada pelo pintor e ceramista Lino António. A eficaz combinação do azul e do branco e a evocação espacial e arquitectónica converteriam o azulejo no veículo de expressão ideal para Manuel Cargaleiro. 
Os anos de 1980 testemunharam o pleno reconhecimento de Manuel Cargaleiro, enquanto pintor e ceramista. Contudo, tal não o coibiu de explorar outros ramos criativos, tais como a tapeçaria, cujos padrões geométricos sempre o inspiraram.  


Um tapete realizado a partir deste cartão foi comprado em 2010 pela Câmara do Seixal às Tapeçarias de Portalegre por 90 000 Euros.

Nighthawks - did you remember?

Pierre qui roule (Lax, Casterman)
Nighthawks selon Lax.


Primal Zone - Volume 1 (Gabrion, Delcourt)
http://pagesperso-orange.fr/kicswila/clin-oeil/nighthawks_gabrion.png

Liens de sang (Hermann et Yves H., Le Lombard)
Nighthawks selon Hermann.

Billy the Cat - Tome 5 - "L'œil du maître" (Colman et Desberg, Dupuis)
Nignthawks selon Colman.