ESTOU PERDIDO, DEVO PARAR? NÃO SE PÁRAS ESTÁS PERDIDO! Goethe
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quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Quincas Berro de Água!
Do que terei lido do Jorge Amado, há dois livros que me ficaram: Os Capitães da Areia e O Quincas Berro de Água!
Os Capitães é um livro ao mesmo tempo terno e violento, sobre as crianças sem abrigo, expostas a todos os perigos, obrigadas a todas as habilidades para sobreviver. Muito anterior ao políticamente correto sobre a violência infantil, escapa assim aos lugares comuns contemporâneos, não sendo por isso menos lúcido e pertinente, bem pelo contrário!
O Quincas é outra colheita. Livro meio surreal, divertido e provocador, conta a história de um respeitável funcionário que abandona um quotidiano certo e sem imprevistos e se entrega à maior libertinagem, às companhias menos recomendáveis, a uma vida depravada e divertida, regada a álcool e desatino.
O nome veio-lhe do berro que deu, quando inadvertidamente levou à boca um copo que não era de cachaça ...
Vem isto a propósito de me ter cruzado de novo com esta história, agora em filme (produção de 2010). (Edição imaculada, comprada à vadiagem da candonga por 1,5 €).
A acção decorre no aniversário do Quincas, quando os seus amigos - poetas falhados, putas, bêbados, visionários, lhe preparavam uma festa surpresa e ele resolve surpreendê-los com a sua morte. Desfeitas destas não se fazem e os amigos não se ficam - e aí começa uma noite alucinante com o morto a correr todos os botecos, bordéis, terreiros de santa e mais que tais de S. Salvador. Isto depois de ter sido adequadamente furtado ao velório e com a família e a polícia no encalço.
O filme mantém o registo do livro, aproveita os diálogos mais perspicazes e engraçados, caracteriza bem as personagens.
Além disso trouxe-me à memória uma semana passada em S.Salvador, naquele cenário do Pelourinho, elevador Lacerda e porto de mar. E uma noite num Terreiro de Candomblé na favela do Morro do Engenho Velho, com uma opulenta mãe de santo e os seus acólitos de aspecto intimidatório, a oficiarem transes e alucinações, sacrifícios animais e danças de possessão, num ambiente infernal de batuques polirritmicos e inebriantes, como os odores que se libertavam da salinha privada ao fundo do redondel!
O filme recomenda-se pois, como o livro e como uma ida a S.Salvador da Baía, quanto mais não seja para um mergulho na praia de Itapoã, com a música de Caetano a ressoar! http://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/letras/
Nem só de coisas sérias podemos viver!
(se quiser saber mais sobre o filme)
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