ESTOU PERDIDO, DEVO PARAR? NÃO SE PÁRAS ESTÁS PERDIDO! Goethe

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

LIBERDADE



     No topo de uma Avenida modernista, à qual autarcas zelosos e abastados, raparam as árvores frondosas, substituindo-as por azeitonas luminosas, a decorar uma enorme (frigid)eira granítica, surge uma das mais recentes praças do País.
Concebida por Fernando Távora, que também projetou os dois edifícios que a ladeiam, detém-se sobre o rio, ancorada num pórtico desenhado por José Rodrigues.
Amparada a nascente por uma irresistível peça arquitetónica de Siza Vieira e a poente por um recinto polivalente de Souto Moura (em construção), tem padrinhos e atributos que bastem para se tornar um fantástico local de bem estar e de bom gosto.
Falta ainda, a sua humanização - os edifícios de tão nobre linhagem, aguardam há anos que lhes seja atribuída uma função, a sua depurada linha, já foi utilizada na última romaria para implantar carrinhos elétricos e carroceis (tendo resultado fraturas significativas e nunca reparadas no pavimento) e não existem uns bancos ou outro equipamento, que permitam ao visitante deter-se e desfrutar (talvez para não concorrer com as esplanadas circundantes).

Mas o que me traz à praça, agora, é o nome - Liberdade.
Sinto no ar o tempo de todos os desvarios.
Berra-se em todo o lado, com e sem razão.
A confusão permitirá aos culpados escaparem incólumes - gritando tanto como os outros, em breve já ninguém perceberá quem foi o culpado.
E os mesmo reaparecerão, mais tarde, como providentes salvadores...
Mas o que eu agora temo, é que venham de novo tempos de trevas, em que o nome da praça se torne inconveniente e desapropriado!

Pior que ser pobre, é ser escravo!
Desfrutemos a brisa do rio, enquanto as agruras do Inverno, não nos afastem deste destino!

5 comentários:

  1. pelo menos ha uma coisa que não nos podem roubar...a liberdade do pensamento !

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  2. Tempos perigosos estes, em que a Liberdade é escamoteada aos poucos e de forma disfarçada (invocando-se os modernos princípios e os mais modernos ideais) todos os dias.

    Quanta à praça, e pondo juízos estéticos de lado, sempre direi que pouco ou nenhum conforto traz aos que a frequentam. De facto, seja passeando simplesmente pela praça, seja mesmo dentro dos estabelecimentos de restauração que existem, toda a envolvente, materiais, disposição das coisas, transmitem (não só transmite, sente-se mesmo) uma frieza e um desconforto enormes. Deste modo, não será este novo espaço nobre da cidade de Viana que chamará as pessoas das suas casas para a rua. Viana continua, a partir das 19 horas, uma cidade fantasma. As pessoas vão trabalhar, e no final do dia fogem para as suas casas, vivendo as suas pequenas vidas de forma muito feliz.

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  3. Com o devido respeito, como dizem os advogados, também a liberdade de pensamento pode ser roubada e penso que ainda não a recuperamos, como Povo, desde a última vez em que isso aconteceu (o que quer dizer, que vai acontecendo!). Aliás, a imposição de limites ao pensamento é o mais eficaz e refinado método de coartar a liberdade...
    Viver uma pequena vida de uma forma muito feliz, não será o objetivo último de uma existência?
    Nesse sentido a praça seria completamente desnecessária, como certamente o será o Coliseu, para bem de todos (já imaginou, por absurdo, que se esse equipamento vier a ter utilização plena, a vida feliz passará a pesadelo! Escoar 4 000 pessoas dum centro histórico, demorará infindáveis horas!).
    Importante mesmo é que não roubem o rio...

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  4. Caríssimo,

    O Rio já foi roubado à cidade. Isso é um facto consumando e está à vista de todos.

    As moderníssimas obras à beira rio - biblioteca, praça da liberdade e edifícios adjacentes, e coliseu (e mais uma vez, não estão em causa os seus valores estéticos) - deram o golpe final de morte na relação entre a cidade e o belíssimo rio Lima.
    E afinal o que é Viana sem o rio?

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  5. A natureza raramente se deixa intimidar pelo Homem. E além do mais não tem pressa.
    Quando o orçamento já não permitir pagar a bombagem permanente das águas, o rio voltará a invadir a cidade, alagando o Coliseu, os depósitos da bibioteca e subirá subterrâneamente Avenida acima.
    Far-se-á justiça poética e a cidade ostentará como atração a denominação de Veneza Limiana.
    Aceite o disparate, que talvez dê um interessante argumento de BD
    Obrigado pela leitura e participação.

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