Gigões são anantes muito grandes.
Anantes são gigões muito pequenos.
Os gigões diferem dos anantes porque
uns são um bocado mais outros são um bocado menos.
Era uma vez um gigão tão grande, tão grande,
que não cabia. – Em quê? – O gigão era tão grande
que nem se sabia em que é que ele não cabia!
Mas havia um anante ainda maior que o gigão,
e esse nem se sabia se ele cabia ou não.
Só havia uma maneira de os distinguir:
era chegar ao pé deles e perguntar:
Mas eram tão grandes que não se podia lá chegar!
E nunca se sabia se estavam a mentir!
Então a Ana como não podia
resolver o problema arranjou uma teoria:
xixanava com eles e o que ficava
xubiante ou ximbimpante era o gigão,
e o anante fingia que não.
A teoria nunca falhava porque era toda
com palavras que só a Ana sabia.
E como eram palavras de toda a confiança
só queriam dizer o que a Ana queria.
MANUEL ANTÓNIO PINA
Foi o primeiro livro que li de Manuel António Pina, em 1974!
Fiquei desde aí cliente da literatura infantil, que na altura era geralmente mais "básica"!
Habituei-me a tê-lo na mesa ao lado no Orfeu(zinho).
Como cronista desencantado (curiosamente ou não, expressa aqui uma opinião idêntica à de um meu post recente) gostei sempre de o ler!
Fico pois muito contente com o Prémio Pessoa 2011!
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