ESTOU PERDIDO, DEVO PARAR? NÃO SE PÁRAS ESTÁS PERDIDO! Goethe

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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Uma política premeditada!


A estratégia política do atual governo tem-me causado imensas perplexidades!
Sendo assumidamente liberais do ponto de vista económico, a opção obsessiva pelo sistemático agravamento de impostos, não acompanhada por medidas enérgicas e eficazes de racionalização da despesa pública, é incompreensível.
A única explicação que me ocorria, era tratar-se de uma saída desesperada face a uma enorme incompetência na reforma social. A aura de qualificação técnica de Vitor Gaspar não batia certa ...
O último passo do ministro permitiu perceber que existem intenções ocultas na sua estratégia!

Os comunistas "clássicos" sempre foram acusados de combaterem as reformas sócio-económicas pois apostavam no "quanto pior, melhor!". Isto é, quanto mais insuportáveis fossem as condições de vida do povo mais próxima estaria a revolução! Tudo que amenizasse a desgraça, era pois um atraso nessa "marcha inexorável para a libertação dos povos"!
Gaspar, táticamente, é um seguidor destes comunistas de antanho! 
Ninguém acredita que deseje mesmo uma cobrança fiscal mais robusta, para sustentar um Estado ainda mais extenso e reforçado! Então porque o faz? Porque não se insurge com a inexistente reforma autárquica que pouparia recursos significativos? Porque não aplica medidas de eficiência económica, que tanto aprecia na gestão privada, na distribuição do bolo orçamental? Apenas um exemplo da área da saúde - o custo por cidadão na região Norte é cerca de 40% inferior a um da região de Lisboa! E essa discrepância ainda aumenta se se aplicar à região Centro - porque não fazer benchmarking e impor custos uniformizados para todo o país? Obrigando a seguir os exemplos de eficiência que a administração pública tem - e isso aplicado extensivamente à educação, à justiça, à segurança social, etc.. Cortando realmente nas gorduras onde elas estão e não por igual em todas as "carnes", como têm tentado, com desastrosos resultados!

O motivo, percebi-o agora, é que ele sabe que corria o risco de conseguir equilibrar as coisas, mantendo a funcionar o estado social, com mais eficácia e rigor. E que perderia a oportunidade de atingir o seu secreto objetivo - desmantelar o Estado, entregar as atividades de lucro garantido da saúde, da educação e outras, a privados (que não conseguirão naturalmente mais baixos custos, não resultando daí pois nenhum benefício óbvio para o País!).
Portanto o seu plano tem as seguintes fases:
1 - aumentar, para lá da tolerância, a carga fiscal, mantendo o Estado na sua ineficiência (genericamente resultante da sua apropriação ao longo dos tempos, pelos partidos do arco do poder!).( - Fase concluída!)
2 - acenar à classe média, sustentáculo fundamental do Estado, com a necessidade de rever as funções do Estado, sob pena de ulteriores agravamentos de impostos, que condenariam a generalidade das pessoas à pobreza. Paralelamente ações de agitprop intensivas, para apresentarem esta via como uma inevitabilidade, um axioma técnico inquestionável! (- Fase agora iniciada, que decorrerá nos próximos meses e onde encaixam as já veladas ameaças de eventual necessidade futura de aprofundamento das cobranças, os discursos sobre refletir sobre as funções sociais que estamos dispostos a financiar, a refundação do memorando, a revisão da constituição ...)
3 - a fase do reset de Portugal - a classe média, entretanto mínima, aceita o desmantelamento do Estado enquanto estrutura social de solidariedade, ficando reduzido às funções de Segurança (reforçadas - já ouvimos mesmo Aguiar Branco ameaçar com o papão dos gravatas azuis (???) que querem eliminar as Forças Armadas!) e à superestrutura política!
4 - O Paraíso Liberal :
- o relançamento da economia privada, que passa a ter as Escolas, os Hospitais, os Tribunais, os Seguros sociais, as Prisões, para aplicar as suas superiores estratégias de gestão.
- a diminuição acentuada de impostos que libertará os cidadãos da escravatura do Estado, mas que contudo não lhes permitirá aceder livremente à educação, justiça, saúde, como lhes foi prometido na fase 3 (porque se o dinheiro não chega agora, também não chegará depois, para todos! Será "para quem pode"!).

Se o plano não for parado é assim que decorrerá - e Gaspar, "o dissimulado , "o calculista", "o laborioso", "o verruminoso", tem toda a paciência do mundo para levar esta urdidura até ao fim e sabe que qualquer precipitação pode ser fatal! Só se passa à fase seguinte quando a anterior estiver consolidada!

O Estado pode continuar a assegurar as funções atuais, com mais eficiência, menos compadrio, menos corrupção, menos custos, atendendo ao interesse coletivo e não ao da clique política instalada!
Compete-nos a nós cidadãos que o pagamos e dele beneficiamos, impedir  o seu desmantelamento e promover a sua reforma!

2 comentários:

  1. Como saber se o modelo aqui exposto é verdadeiro ou falso? Basta fazer e mostrar as contas, de forma clara (para que todos compreendam) e bem feitas (para que todos acreditem), e mostrar que é possível efectuar a reforma sustentável do estado e manter o estado social. Seria a grande machadada no liberalismo. Hoje com a internet o conhecimento fluí muito rapidamente. O poder não o consegue travar, e é esse mesmo o maior inimigo do poder. Quem conseguir fazer essas contas ou juntar alguém que as saiba fazer e mostrá-las de forma clara e bem feita, à sociedade, ganha a batalha e enterra o liberalismo bem fundo.

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  2. Seria uma boa tarefa para as universidades, estudarem esses modelos.
    Mas o caminho faz-se andando e seria importante que surgissem medidas nesse sentido, para avalizar do tamanho possível do estado social! Mas o que assusta é, salvo raras exceções essas medidas não aparecerem, ou aparecerem em configurações erradas (tipo cortes cegos!). A tarefa que nos está reservada é hercúlea e tem de ser coletiva, aplicada por cada um na sua área de influência.
    O mais importante é, a meu ver, nunca rejeitar a universalidade dos direitos - o fim da universalidade, mesmo que aparentando a melhor das intenções levará ao desmantelamento de serviços públicos de qualidade!
    E muito obrigado pela opinião, caro anónimo!

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