ESTOU PERDIDO, DEVO PARAR? NÃO SE PÁRAS ESTÁS PERDIDO! Goethe

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domingo, 7 de novembro de 2010

O Botas

Old Boots

Face à deceção que se generaliza, começam a ser frequentes alusões simpáticas e mesmo elogiosas ao ditador Oliveira Salazar, pelo seu eficaz controle das Finanças Públicas.
Surgem estas apreciações na sua maioria de jovens, muitas vezes economistas, que ao analisarem as séries das Finanças Públicas, verificam que o país só conseguiu escapar aos déficites Orçamentais, desde que este antigo seminarista e professor de Finanças Públicas ocupou essa pasta ministerial em 1928 - para em seguida se consagrar primeiro ministro em 1932, posto que só abandonou em 1968, na sequência de uma famosa queda de uma cadeira, que lhe terá provocado um hematoma cerebral, de que resultaram danos cerebrais importantes.
Comentários destes seriam inaceitáveis há dez anos atrás e nesse aspeto fico contente da superação desse tabu nacional - porém será importante, que a atual desgraça não nos leve a revisionismos históricos e nos façam desejar uma desgraça ainda maior.
O Botas, como lhe chamavam  alguns portugueses, foi um austerocrata, para quem efetivamente não havia mais vida para além do déficite. E se hoje, esse é justamente o problema que mais nos aflige, não deixemos que ele nos cegue e nos faça desejar alguém cujo (quase) único mérito foi esse.
Portugal em 1968 era um país muito próximo da Albânia de Enver Hoxha, sem Liberdade, sem Indústria, com indices sanitários (mortalidade infantil, esperança de vida) miseráveis, uma taxa de analfabetismo e um nível de vida degradantes, horizontes existenciais e culturais que esbarravam na fronteira com Espanha.
Os cofres cheios de ouro eram um delírio à Tio Patinhas, que rapidamente se esgotou, pois um povo é rico "se souber pescar, não por ter muito peixe" (e ainda por cima tendo muito fome ...)!
A baixa qualidade dos políticos que nos governam, também é consequência da falta de maturidade democrática da Sociedade, muitos anos habituada a desligar-se da discussão dos problemas e da sindicância dos seus dirigentes. Seremos sempre produto do nosso passado, embora não tenhamos que ser refém dele!

Estes comentários não se destinam a quem tenha nascido antes da década de 60, pois terá concerteza a sua opinião pessoal, resultado da sua própria experiência, que pode ser a oposta a esta e à mesma respeitável.
Em épocas de crise, a sociedade fica suscetível a arautos de quimeras e facilmente nos concentramos nos aspetos que agora mais nos afligem, secundarizando outros não menos importantes.
Teremos que viver uma época de grande austeridade, se queremos ultrapassar o fosso em que estamos, mas saibámo-lo fazer como um desígnio coletivo, uma prova, a superar, das nossas capacidades e saibamos resistir aos homens providenciais que inevitavelmente se irão perfilar como nossos salvadores.

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