ESTOU PERDIDO, DEVO PARAR? NÃO SE PÁRAS ESTÁS PERDIDO! Goethe

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sábado, 26 de fevereiro de 2011

A questão da cassete!



Assisti ontem à noite a uma agradável palestra de Artur Santos Silva, banqueiro e humanista, subordinada ao tema "Uma política sustentável para Portugal"!
Traçou um panorama genérico sobre o atual estado do país, realçou como prioridades a necessidade de Portugal honrar inequivocamente os seus compromissos e insistiu em que não vê alternativa política que não passe por uma convergência, o mais alargada possível, entre as forças partidárias existentes, numa lógica de salvação nacional.
Sendo uma pessoa moderada e apaziguadora valorizou o grande esforço de progresso do país nas últimas décadas, elencou alguns dos erros cometidos e mostrou-se esperançoso de que os Portugueses conseguirão encontrar a forma de ultrapassar a crise que vivem.
Não tendo própriamente dito nada de inovador, conseguiu num ambiente entre a conferência e a tertúlia, ao longo de mais de uma hora, sem recurso a power points ou a sound bites, cativar uma audiência heterogénia.
Oriundo do meio financeiro e aliando a isso um elevado padrão ético e cívico, está habituado a ser avaliado não pelo sucesso que as suas palavras causam, mas pelos resultados concretos das suas acções. E isso permite-lhe uma atitude isenta e descomprometida, pouco habitual no panorama público nacional, em que o que conta é parecer ter razão, mesmo que à custa da tortura das estatísticas e da realidade.

Tenho há muitos anos o Dr. Santos Silva (Artur), como o meu candidato preferido para Presidente da República (mesmo tendo um percurso ideológico diverso do meu!).
Talvez fosse este o momento, com cinco anos de antecedência de começar a pensar em alguém, que tivesse o dom de unir os Portugueses em torno dum desígnio comum - e a serenidade, a sensatez e a coerência que possui, são características incontornáveis para quem se proponha liderar e motivar o País.

Mas se não ouvi nada de novo, nem nada que já não soubesse, a oportunidade de "estar ao vivo" num evento com pessoas, permite divagações e pensamentos interessantes.
Conforme ouvia o Dr. Santos Silva falar e me deixava envolver pela melopeia do seu discurso, percebi que o seu timbre de voz, a sua rouquidão "amaciada", as inflexões, a cadência rítmica da sua oratória, eram muito idênticas à de Fernando Ulrich, seu sucessor na liderança do BPI.
Achei também curioso que o único momento menos "cool" da conversa, foi quando se referiu ao facto de ter havido um grande crescimento da importação de viaturas no último ano, apesar do desiquilíbrio da balança comercial, em que comentou - "Anda tudo doido!".
Este foi precisamente o comentário mais sentido e mais polémico de Fernando Ulrich, numa recente entrevista à Sic, também comentada aqui!

E aí veio-me à memória a acusação da cassete, com que o PCP, tem sido bombardeado e menorizado ao longo dos tempos, pelo facto dos seus principais dirigentes, falarem no estilo de Álvaro Cunhal (refirindo-se, mais do que às ideias, à forma).
E na verdade tal circunstância nada terá de depreciativa, traduzirá apenas a pertença a uma organização humana muito coesa, com uma estrutura hierárquica respeitada e uma forte identidade de grupo.
Seja um banco, um partido ou um grupo de teatro!
A cassete poderá não significar "lavagem ao cérebro", mas muito "brain storming".

2 comentários:

  1. Caro JARRA:

    É bom ouvir falar alguém que sabe do que fala, mesmo que os valores onde apoia o seu raciocínio possam ser questionáveis, pois entende-se a coerência que está por detrás de uma prática que visa alcançar objectivos.
    Na política dos últimos anos, mesmo os nossos melhores não estão minimamente preocupados com a coerência. O seu objectivo é um ganho imediato, e a isso sacrificam até a própria honra. Ao Governo e à Assembleia da República, ainda é possível questionar, mas aos “pequenos malandros” que detêm poderes nas Instituições do Estado, que são as peças fundamentais com que se constrói uma sociedade moderna, aí é tudo mais difícil.
    O Dr. Santos Silva, por certo, lidera uma máquina sem estas peças disfuncionais.

    Caso viesse para o Governo “atascava-se” como muitos outros. E ele deve sabê-lo! E só um louco é que nas circunstâncias actuais, vai para a cabeça da Nação!

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  2. Loucos já lá temos, com o devido respeito!
    A ideia era experimentar outra coisa!

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