ESTOU PERDIDO, DEVO PARAR? NÃO SE PÁRAS ESTÁS PERDIDO! Goethe

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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A Leste do Paraíso



Refiro-me ao filme ( Elia Kazan, 1955) e não à nossa situação coletiva atual.
Há dias, páro algures num zapping na tv e deixo-me ficar a ver apesar do sono e do adiantado da hora.
Porque será que há filmes com este poder de nos deter e retirar do tempo?
O grande segredo está no ritmo da montagem, penso eu, que não é forçado, nem programado, antes respira naturalmente, transmitindo-nos uma sensação de conforto e empatia! Aí detemo-nos! Depois tem tudo o resto: uma direção de atores fantástica, personagens bem caracterizadas, inequívocas, uma história que sabe o que quer dizer, sem relativismos, nem ambiguidades.
Isto não quer dizer que haja uma visão maniqueísta da realidade, com os bons dum lado e os maus do outro.
A personagem interpretada por James Dean (Cal) é um de dois irmãos criados com um pai, cidadão exemplar e emprendedor, educador dedicado, que os filhos crêem ter enviuvado na sua infância.
Cal sente-se pouco amado e empenha-se em conquistar o seu amor e admiração. Entretanto descobre que a sua mãe está afinal viva e é uma bem sucedida meretriz! Faz um pacto com ela para ajudar financeiramente o pai, mas não vê os seus esforços reconhecidos por este, que se escuda numa intransigência puritana. Mas o pai após uma trombose, consegue redimir-se aos olhos do filho mais rebelde e criativo, retribuindo-lhe o seu amor.
Percebe-se neste argumento explicitamente Freudiano que o pai rejeitava Cal por associar a sua personalidade à da sua ex-mulher, a quem ele nunca perdoaria o abandono e a vergonha. Mas o que não há, neste argumento inspirado num romance homónimo de John Steinbeck de 1952, é relativismos nem nilismos morais. O autor sabe quem são, para ele, os bons e os maus e isso dá conforto, permite-nos concordar ou discordar, mesmo sabendo que estamos a Leste do Paraíso.
James Dean, rodaria ainda neste ano, que foi também o da sua morte, com 24 anos, o icónico Rebel Without a Cause ( Fúria de Viver) sob a direcção de Nicholas Ray.
Estes filmes a mim deixam-me descansado - parece que tudo está no seu lugar, o Mundo apesar de não se parecer com o Paraíso é um sítio que se conhece e domina!
Será por isso que lhes chamamos "Clássicos"?
Os Pós Modernos só vieram semear angústia ...

1 comentário:

  1. O homem pós-moderno quer e exige o seu direito a ser feliz e faz questao de apagar da sua memoria toda e qualquer lembrança que nao seja boa. Quer guardar apenas todas as imagens boas que ajudem a melhorar a sua auto-imagem.

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