Conseguindo sempre iludir a confirmação das fontes, mesmo depois de se levantarem sérias suspeitas sobre o seu método, tenta resistir falsificando contactos, forjando sites, manipulando os colegas.
Agarrado doentiamente ao seu lugar, é o retrato dum sociopata manipulador, desligado da realidade, da consequência dos seus actos e de qualquer réstia de arrependimento.
Personagem muito parecida ao Talentoso Mister Ripley (história de Patricia Highsmith, levada ao cima em 1999 por A. Minghella, com Matt Damon fabuloso na personagem), faz-me também lembrar uma personalidade nacional, que depois de ter forjado o seu curso, fazer desaparecer um primo numa escola de Kung Fu na China, negar sistematicamente a realidade durante anos, eliminado jornalistas incómodos, continua seráficamente a reclamar-se imaculado e a conseguir enganar meio mundo.
O que o filme nos mostra é o abismo que vai de um jornal de referência ao panorama atual da nossa imprensa, em que mais de metade das notícias são ditadas dos gabinetes de relações públicas dos Ministérios e empresas, em que a confirmação de fontes não existe e que até os jornalistas dos melhores jornais deixaram de saber escrever uma notícia ( Há dias um título do Público anunciava que "as reduções na função pública iam variar entre 50 e mais de 420 euros" - e porque não 50 e mais de 55?).
Filme competente, duma história, ao contrário da nossa, em que os sérios acabam por vencer.
Mas atenção, na vida real, Stephen Glass tirou um curso de Direito e tem um bem sucedido escritório de advocacia em New York (além de ter pubicado com grande êxito um livro com a sua versão dos acontecimentos).
Um sociopata nunca desiste e nós temos bem experiência disso...
Sem comentários:
Enviar um comentário